domingo, 30 de setembro de 2012

EJA E A TEORIA SÓCIO-CULTURAL VYGOTSKYANA

A EJA que é um sistema de ensino utilizado para a adaptação de jovens e adultos na educação, tem o objetivo de desenvolver os ensinos fundamental e médio de qualidade para cidadãos que se encontram fora da idade escolar. A EJA é regulamentada pelo artigo 37, da lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases - LDB).
A EJA teve seu inicio bastante conturbado, pois para muitos políticos a eliminação do analfabetismo deveria se dar na educação infantil, com um ensino de qualidade. Para aqueles, os adultos analfabetos já não tinham mais solução nem direito à educação. Porém, devido à luta de outros políticos firmou-se a lei que regulamenta a Educação de Jovens e Adultos, proporcionando a estes condições de estudar.
 
 O processo de ensino-aprendizagem é composto por muitas variáveis. Tais como: metodologia e recursos, instrucionais, as diferenças individuais do aprendiz (classe social, aptidão, idade, estilo cognitivo, etc.), o contexto da aprendizagem, características do professor, etc. São aspectos que devem ser considerados justamente para a definição dos objetivos pedagógicos, do conhecimento do aluno, etc, para assim realizar o planejamento que será posto em prática.
Sendo assim, estudaremos as definições de desenvolvimento, mediação e aprendizagem tendo como base os pressupostos teóricos do autor soviético Lev Semenovich Vygotsky, um dos estudiosos que estruturou sua teoria baseando-se no desenvolvimento do aprendiz como resultado de um processo sócio-cultural, dando ênfase ao papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento. Vygotsky classifica sua teoria como histórico-social, centralizando-a na aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio.
Segundo Rego (2002), Vygotsky acreditava que o ser humano se constitui enquanto tal, a partir da interação social. Para Vygotsky, a cultura molda o funcionamento psicológico do homem. Na relação do homem com o mundo, mediado por instrumentos e símbolos desenvolvidos culturalmente, ele cria as formas de ação que o diferenciam de outros animais. Assim, a compreensão do desenvolvimento psicológico não pode ser buscada em propriedades naturais do sistema nervoso. Segundo a teoria vygotskyana, o cérebro é um sistema aberto cuja estrutura e formas de funcionamento são moldadas ao longo da história da espécie e do desenvolvimento individual.

O desenvolvimento está relacionado ao contexto sócio-cultural em que a pessoa se insere e se processa de forma dinâmica através de rupturas e desequilíbrios provocadores de contínuas reorganizações por parte do indivíduo. As interações com o grupo social e com objetos de sua cultura passam a governar o comportamento e o desenvolvimento do pensamento do indivíduo. (REGO, 2002 p.58)


De acordo com Rego (2002), a teoria vygotskyana mostra que a cultura constitui parte da natureza humana, por isso propõe o estudo das mudanças que ocorrem no desenvolvimento mental, partindo da inserção do sujeito em um determinado contexto cultural, originado da interação com os membros do seu grupo e de suas praticas sociais.
Essa interação ocorre principalmente através da linguagem, que por sua vez, como elemento mediador, permite a comunicação entre indivíduos e, conseqüentemente, através dessa interação, possibilita o desenvolvimento do individuo. Portanto, o uso da linguagem é determinado pela natureza sócio-interacional, uma vez que quem a usa considera as pessoas envolvidas no processo de interação, atuando no mundo social em um determinado momento e espaço.
Tendo o desenvolvimento humano origem nas constantes interações com o meio social no qual vive, entende-se então, que “o desenvolvimento do psiquismo humano é mediado pelo outro” (REGO, 2002 p. 60). Então o desenvolvimento do ser humano depende do aprendizado realizado num determinado grupo.
Segundo a teoria vygotskyana o aprendizado é um elemento necessário e fundamental no desenvolvimento das funções psicológicas superiores. “O aprendizado possibilita e mobiliza o processo de desenvolvimento”. E ainda, “o aprendizado constitui-se como necessário e universal para o desenvolvimento humano” (REGO, 2002 p. 53)
Dessa forma podemos concluir que o homem não constrói sozinho a sua aprendizagem, sendo necessária a intervenção do mundo exterior para que o ser humano possa interiorizar suas informações e daí exteriorizá-las de forma a se comunicar com o seu grupo, ocorrendo assim o processo de ensinar e aprender.
 
Como vimos anteriormente a EJA é um sistema de Educação voltado para jovens e adultos que não tiveram acesso ao ensino normal, ou seja, estiveram fora da escola no período de sua infância, não podendo iniciar ou dar continuidade e concluir seus estudos.
De acordo com o que vimos sobre a teoria vygtskyana entendemos que é através da interação entre indivíduos que suas informações são trabalhadas e conseqüentemente compartilhadas com o grupo.
No sentido da EJA onde cada ser individualmente trás consigo experiências vividas, culturas e pensamentos diferentes, ao se inserirem em um determinado grupo social poderá ter suas experiências, cultura e pensamentos trabalhados dentro do grupo, havendo assim a transformação necessária para o desenvolvimento de cada um e desencadeando, assim, o processo de aprendizagem. Dessa forma o aprendiz não é apenas ativo, mas, é também interativo, pois forma conhecimentos e se constitui a partir das relações intra e interpessoais. Nessa partilha com outros aprendizes e consigo próprio que se vão internalizando conhecimentos e funções sociais. Nesse sentido, a escola é o lugar onde a intervenção pedagógica intencional desencadeia o processo ensino-aprendizagem.
Como elemento principal na mediação temos o professor que tem a incumbência de interferir no processo, provocando avanços nos alunos.
 
Retirado do site: http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/1021093

2 comentários:

  1. Levando em consideração que cada aluno do EJA entra em sala trazendo consigo suas variadas experiências e pensamentos e que o processo de aprendizagem se dará pela troca dessas experências, vale lembrar que, o profissional da educação também tem de se adequar a essa nova realidade , ou seja, o educador deve conhecer o aluno , aprender a ouvi-lo e conhecer a realidade que o mesmo se encontra.

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  2. O EJA já trabalha com um indivíduo que tem o seu caráter, ideologias e pensamentos formados.
    Creio então que a grande "sacada" para um bom aprendizado e desenvolvimento do aluno seja promover uma forte interação aluno-aluno e aluno-professor, desta forma cada ideologia, emoção vivida, divergência de pensamentos, cada
    experiência que for trocada vai facilitar o aprendizado e o crescimento pessoal de cada um dos alunos.

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